"Vaso ruim não quebra cedo"

A bunda vivia amassada e doía-lhe a coluna. Nem os perfumes franceses disfarçavam o mau cheiro que exalava. Do rei ocioso e morrinhento o povo não gostava, tampouco de seu odor.
Seus animais de estimação nunca tomaram banho. Era preguiça de mandar. O castelo caía aos pedaços e nenhum conserto fora providenciado. Repito, era preguiça de mandar. O camponês tinha ódio de Vossa Majestade enquanto vivo e morte planejada passou-lhe pela cabeça.
Um homicídio não era má idéia. Tantos trabalhadores mortos pelo rei por causa de nada e o mesmo não podia ser morto, por muito?
Injustiça para com o plebeu, que sempre reclamou ao mandante sua situação precária. Esse último, após tantas ouvir, falou em alto e bom som para o camponês:
- Neste momento, decreto meu silencio para com todos os plebeus!
Idéia boa surgiu no pensamento do camponês:
- Decretado seu silencio pra c’ua gente, eu decreto o seu defenestramento!
Se não morre, a gente enforca.
Dito isso, alguns camponeses invadiram com facilidade o castelo, pois os guardas só agiam por ordem do monarca, que estava embebido no ócio.
Agitação demais o fazia sentir vontade de bocejar. Contudo, cansaria o pobre ser.
Tentaram carregar o rei até a janela. Conseguiram, pois apesar deste não fazer nada o dia todo, ele não abria a boca para guloseimas. Devido à sua fragilidade – tinha osteoporose; preguiça de comer – fora jogado facilmente de uma janela baixa e morrera de vergonha, porque alem de não ser levado pela morte em si, precisou da ajuda de muitos plebeus, como médicos e enfermeiros. Estes, vendo a oportunidade de pagar na mesma moeda, decretaram seu silêncio para com monarca.

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